quarta-feira, 3 de julho de 2013

O solo na agricultura orgânica


         
O solo, peça chave para a vida no planeta Terra, é um recurso natural, utilizado pelo homem de diversos modos diferentes. É também um elemento ambiental utilizado para o desenvolvimento da agricultura, inerente a natureza e de onde são extraídos os alimentos.

Assim como a água e o ar, o solo também é um recurso natural não renovável. O uso contínuo do solo e sem precedentes favorece o desgaste deste recurso. Existem técnicas que aliadas a grandes investimentos podem recuperar os danos causados ao solo. Por isso, entende-se o solo como um recurso natural potencialmente renovável.

A agricultura em geral tem como base o solo para seu desenvolvimento. No entanto, segundo princípios agroecológicos, a agricultura orgânica presa pela manutenção de um solo adequado às suas práticas.

Agricultura orgânica é o sistema de produção de alimentos que não usa fertilizantes sintéticos, agrotóxicos, nem reguladores de crescimento ou aditivos para a produção de alimentos de origem animal. O manejo na agricultura orgânica valoriza o uso eficiente dos recursos naturais não renováveis, bem como o aproveitamento dos recursos naturais renováveis e dos processos biológicos alinhados à biodiversidade, ao meio-ambiente, ao desenvolvimento econômico e à qualidade de vida humana (SEBRAE, 2013).

Para ser considerado orgânico, o alimento tem que ser produzido em um ambiente de produção orgânica. Neste ambiente se utiliza como base do processo produtivo os princípios agroecológicos que contemplam o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, sempre respeitando as relações sociais e culturais (MAPA, 2013). Deste modo, a prática orgânica utiliza o solo de maneira adequada, mantendo a integridade dos recursos naturais. E entende o solo como organismo vivo, sendo necessária total atenção para seu manejo.

O solo é um componente do ambiente e a sua degradação pode ser considerada um tipo de degradação ambiental. A degradação do solo na agricultura convencional possui duas causas diferentes, seja por produtos ou por técnicas utilizadas no campo. O uso do solo pela agricultura orgânica tem como base o fornecimento de matéria orgânica na forma de adubos verdes e cobertura morta, caracterizando a aplicação de compostos orgânicos.

A adubação verde é um procedimento recomendado na agroecologia e bastante utilizado na prática agrícola em geral, e consiste em incorporar ao solo matéria orgânica proveniente de um cultivo com a finalidade de melhorar as condições nutricionais do solo; ao mesmo tempo em que se evita a erosão e a degradação de suas propriedades (GRISI, 2007).

Com a cobertura morta, a superfície do solo é coberta, principalmente nas entrelinhas com uma camada de material orgânico constituído por restos culturais. Essa alternativa exerce o controle de daninhas, pois a cobertura, diminui a absorção de luz, inativando a fotossíntese e, portanto, diminuindo a competição. Como benefícios para o solo, a cobertura morta evita a erosão e o escoamento superficial da água, mantendo no solo os nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas.

Caso não sejam realizadas práticas que conservem o solo torna-se imprescindível o planejamento rural, na recuperação de solos degradados. Deve-se racionalizar o uso da terra de acordo com as características naturais, sempre almejando o manejo adequado, a conservação do solo e os benefícios econômicos que a produção pode promover. A recuperação do solo e o não desmatamento de novas áreas para plantio, aliado ao reflorestamento e a policultura são soluções abrangentes e que demonstram resultados benéficos ao ambiente.

Com relação ao solo, a agricultura orgânica tem como objetivo o aumento da fertilidade, de duas principais maneiras: estimular os componentes vivos e favorer os processos biológicos. Na relação Homem-Natureza, o uso do solo na agricultura orgânica ou tradicional deve em primeiro lugar respeitar os limites do solo, que como recurso natural não renovável pode provocar danos irreversíveis ao ecossistema.

A valorização, conservação e preservação do solo é de extrema importância para a manutenção da qualidade do ambiente e extensão por muitos anos das atividades exercidas com este recurso.



Bibliografia

EMBRAPA. Sistema de Produção de Uvas Rústicas para processamento em regiões tropicais do Brasil.  
 Acesso em 22 abr. 2013

GRISI, B. M. Glossário de ecologia e ciências ambientais. 3ª edição. João Pessoa, 2007 p.19

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO  O que são alimentos orgânicos. Acesso em 22 abr. 2013

SEBRAE. Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. O que é agricultura orgânica: Conheça o sistema de produção que tem por objetivo preservar a saúde do meio ambiente, a biodiversidade, os ciclos e as atividades biológicas do solo.  Acesso em 22 abr. 2013.

Por Aline Alessi, sob orientação de Prof. Laura Alves Martirani

Reflexões sobre reciclagem

Ilustração Carlos D. G. Silva

Cada brasileiro gera em média 1,1 Kg de resíduos por dia, resultando em 183 mil toneladas diárias em todo país (IBGE, 2010). Diante desses valores, a reciclagem é uma excelente maneira de amenizar os danos provocados por essa enorme geração de resíduos, pois transforma materiais descartados em matéria-prima para produzir novos materiais. Mas, para que esse processo de transformação ocorra é necessário driblar diversos empecilhos que afetam a reciclagem.

Mesmo que um material possua potencial, sua reciclagem depende muito do contexto local, isto é, a realidade social, ambiental e econômica de uma localidade. Por exemplo, o isopor possui potencial de reciclagem, mas por ser leve, volumoso e haver poucas industrias recicladoras desse material a sua reciclagem é inviável na maioria das regiões.

Outro caso ocorre com as fraldas descartáveis que são recicladas em outros países, mas no Brasil ainda não há essa tecnologia, portanto, em nosso contexto, as fraldas são encaminhadas para os lixões e aterros sanitários.

O custo com transporte também inviabiliza a reciclagem de certos materiais, pois pode haver grandes distâncias entre o beneficiador e a indústria recicladora. Por exemplo, o plástico beneficiado no Rio de Janeiro é vendido para São Paulo para ser transformado em pellets (grãos) e depois vendido para o Sul para a indústria recicladora (GONÇALVES, 2003). 



Já no processo de transformação dos recicláveis, certos materiais não são reciclados infinitas vezes e em alguns casos a matéria-prima reciclada não voltará ao seu estado anterior. Desse modo, dentre os principais materiais que são reciclados pode haver diferenças no quanto cada material será aproveitado e no que irão se tornar após o processo.

A reciclagem do plástico pode ocorrer muitas vezes ou uma única vez, por conta dos vários tipos de plásticos existentes. Por exemplo, o plástico PET pode ser reciclado várias vezes sem perder suas principais características. Já o plástico PEAD, não pode ser transformado várias vezes, pelo fato de perder suas qualidades durante o processo de reciclagem (ECOD, 2012). O plástico reciclado é utilizado na fabricação de baldes, cabides, madeira plástica, cerdas, sacolas, garrafas que não terão contato direto com alimentos e fármacos, entre outros produtos.

Uma tonelada de papel reciclado evita o corte de 15 a 20 árvores, mas a reciclagem do papel só ocorre de cinco a sete vezes, pelo fato de suas fibras sofrerem degradação durante os processos (ECOD, 2012). Papéis plastificados, parafinados, metalizados, laminados e carbono não são facilmente reciclados e o papel reciclado pode ser utilizado na fabricação de caixas, sacolas, papel higiênico, cadernos, livros, entre vários outros produtos. 

Já os metais são divididos em ferrosos e não ferrosos e podem ser reciclados infinitas vezes e na maioria dos casos voltam a ser o material que eram anteriormente (ECOD, 2012). Mas, embalagens metálicas de aerossóis, tintas, inseticidas e pesticidas não são recicladas.

Uma tonelada de vidro reciclado evita a extração de 1,3 toneladas de areia e na maioria das vezes a reciclagem do vidro pode ocorrer infinitas vezes havendo perda zero, pois um quilo de vidro reciclado produz outro um quilo de vidro (ECOD, 2012). Mas, os vidros técnicos, como as lâmpadas, vidros de laboratórios, garrafas térmicas e isoladores elétricos, por possuírem uma constituição diferente não são facilmente reciclados.

Diante dessas e de outras circunstâncias, a reciclagem por si só não consegue resolver todo o problema de volume de resíduos gerados por nosso sistema de produção e consumo de forma eficiente. A redução do desperdício e do consumo e a reutilização de certos materiais são ações que auxiliam e aliviam o peso sobre o processo da reciclagem e os impactos no meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ECOD. Saiba quantas vezes os materiais mais comuns podem ser reciclados. Acesso em: 01 mai. 2013


GONÇALVES, P. A Reciclagem Integradora dos Aspectos Ambientais, Sociais e Econômicos. Rio de Janeiro: DP&A: Fase, 2003. 184 p.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. 219 p. 

SUDAN, D. C. (Coord.). Da pá virada: Revirando o tema lixo. Vivências em Educação ambiental e resíduos sólidos. São Paulo: Programa USP Recicla/ Agência USP de Inovação, 2007. 245p.

Por Nathália Bernardes Ribeiro, sob orientação de Profa. Laura Alves Martirani