quinta-feira, 7 de abril de 2011

Efeitos do uso do cloro no tratamento de água


Segundo a Organização Mundial da Saúde, 80% de todas as doenças que se alastram nos países do terceiro mundo são provenientes de água contaminada. O tratamento de água é uma das formas mais eficientes de minimizar os riscos de contaminação da população. Os materiais químicos utilizados para o tratamento de água cumprem a função de eliminar substâncias nocivas à saúde, mas, paradoxalmente, esses mesmos materiais podem também trazer alguns efeitos indesejáveis à saúde humana. Um desses materiais e que encontra-se em constante estudo é o cloro, o desinfetante químico mais utilizado na desinfecção da água potável.

Um dos problemas da utilização do cloro no tratamento da água é a formação de trihalometanos, substância formada quando o cloro reage com a matéria orgânica presente na água. Desde 1974, com a descoberta da formação de trihalometanos no processo de cloração das águas, os subprodutos da desinfecção tem sido alvo de estudos. Atualmente, sabe-se que estes compostos são apenas uma classe entre centenas de outros gerados com diferentes desinfetantes químicos.

Em testes de laboratório, realizado por cientistas da Universidade de Ciências e Saúde do Texas e da Agência Internacional de Pesquisa Sobre o Câncer, com camundongos, alguns desses subprodutos mostraram-se carcinogênicos ou causaram efeitos na reprodução e desenvolvimento. Estudos epidemiológicos com humanos sugeriram associações entre determinados tipos de câncer, efeitos na reprodução e no desenvolvimento com a cloração de águas superficiais. Com a dificuldade de identificação de subprodutos, uma das formas de monitoramento da qualidade do efluente final é através da realização de testes de toxicidade. A toxicidade de uma mistura complexa pode ser entendida como sendo a resposta genérica dos efeitos interativos, aditivos, sinérgicos e antagônicos, dos agentes químicos presentes num dado efluente e só pode ser avaliada e determinada através de testes com organismos vivos.

Existe um risco associado às substâncias químicas utilizadas no processo de tratamento da água, por outro lado, existe um enorme benefício em termos de saúde pública. Desde o início do século XX, após a adoção de técnicas de tratamento como a filtração e cloração, a ocorrência de epidemias transmitidas por microrganismos presentes na água caiu a níveis muito baixos nos países que executam programas de saneamento. Entretanto muitos estudos ainda devem ser feitos para avaliar e melhorar o tratamento de água e diminuir a chance de ingestão de compostos tóxicos pela população.



Bibliografia:

1. AGE, T.; HARRIS, R.H.; EPSTEIN S.S. - Drinking water and cancer mortality in Louisiana. Science 1976; 193(4247):55-7.

2. BATALHA, B.H.L. - Água para consumo humano. In: BATALHA, B.H.L.; COSTA, T.C.R.; editores. Água, saúde e desinfecção. São Paulo: CETESB; 1994. p.7-39.

3. BATTERMAN, S.; ZHANG, L.; WANG, S. - Quenching of chlorination disinfection by-product formation in drinking water by hydrogen peroxide. Water Research, v. 34, n. 5, p. 1652-1658, 2000.

4. CECH, I.; HOLGUIN, A.H.; LITTELL, A.S.; HENRY, J.P.; O'CONNELL, J. - Health significance of chlorination by products in drinking water: the Houston experience. Int J Epidemiol 1987; 16:198-207.

5. FARLAND, W.H.; GIBB, H.J. - U.S. perspective on balancing chemical and microbial risks of disinfection. In: Craun GF. Safety of water desinfection: balancing chemical and microbial risks. Washington (DC): ILSI Press; 1993. p.3-10.

6. International Agency for Research on Cancer. Chlorinated drinking-water, chlorination by products, some other halogenated compounds, cobalt and cobalt compounds. Lyon; 1991. Chlorinated drinking water. p. 45-268.

7. RICHARDSON, M.L. - The dictionary of substances and their effects. Cambridge: Royal Society of Chemistry; 1996. v. 2, p. 305-9.

8. TOMINAGA, M.Y.; Midio, A.F. - Exposição humana a trihalometanos presentes em água tratada. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 33, n. 4, Aug. 1999 . 9. ZAGATTO, P. A. et al. - Avaliação de toxicidade em sistema de tratamento biológico de afluentes líquidos. In: Revista SABESP, n. 166, p. 1-6, 1992.



Por Gabriela Helena Da Silva

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Esalqueanos organizam uma caravana para Brasília em defesa do código florestal brasileiro


Estudantes, professores, entidades e grupos da ESALQ/USP se juntaram a fim de mobilizar a comunidade para se manifestar de forma pacífica contra a proposta de alteração do atual Código Florestal Brasileiro.A Manifestação ocorrerá dia 07 deste mês em frente ao Palácio do Congresso Nacional junto à Via Campesina e às ONG's Ambientais. Para tanto foram elaborados panfletos, para entregar à população, com nossos argumentos e posição referente ao Código e também uma Carta aos parlamentares que por meio de um embasamento científico busca conscientizá-los da importância do atual Código e das consequências negativas que sua alteração pode acarretar.Mas o que acontece?

Bom, é bem sabido que as florestas e demais vegetações brasileiras são bens públicos que garantem desde a conservação do solo, da biodiversidade e dos recursos hídricos até o bem estar social, a produção agrícola e a economia do país. A preservação das florestas prevista no atual Código Florestal brasileiro evita o desmatamento e seus efeitos negativos, como o aumento da emissão de gases estufa, das enchentes e desmoronamentos, que atingem tanto o campo quanto as cidades.

Porém está para ser votada em breve na Câmara uma proposta de mudança elaborada por uma minoria, isto é, sem a participação de cientistas, pesquisadores, organizações e do povo brasileiro, a qual visa ampliar áreas de produção por meio de concessões que irão reduzir áreas de conservação. Além disso, o conteúdo de tais alterações não tem qualquer fundamentação científica,busca apenas o lucro imediato que a exploração irracional dos recursos naturais irá fornecer. Logo, não se considera o futuro das próximas gerações e o quanto é possível ganhar mais com a floresta em pé.

A questão do Código Florestal é complexa, daí a importância do diálogo aberto entre órgãos governamentais, movimentos sociais, sociedade civil, entidades científicas e organizações ambientais em contraposição à decisão de uma votação às pressas de uma proposta de lei não representativa e feita às escuras.

Assim, enquanto cidadãos e estudantes nos sentimos no dever de nos conscientizar e posicionar sobre a temática. Disso surgiu a idéia e a necessidade de uma ação efetiva na luta em defesa do meio ambiente, mas não só, na luta também de nossos ideais e de uma sociedade verdadeiramente democrática, onde decisões políticas, como a votação do Código Florestal, tenham ampla repercussão e participação da sociedade brasileira. A Caravana então convida todos nós a buscar o conhecimento, mobilizar, lutar pela construção de um mundo melhor, fazer efetivamente parte da história de nosso país.

Junte se a esse movimento!

Nosso contato: ocodigoflorestal@gmail.com